26 dezembro 2010

Hipnose, o sono que pode curar

ILUSTRAÇÃO: Garfield dormindo, com um balão de um sonho onde ele está também dormido
“Sou eu, o sono” | Aquele Caminho

 

Introdução

Jorge tem 25 anos e estuda Engenharia. Há dois anos, pouco tempo depois de começar sua trajetória universitária, ele começou a sofrer de crises emocionais que lhe causavam um enorme desgaste físico e mental. Seu rendimento acadêmico foi caindo aos poucos, assim como sua energia e sua autoconfiança. Ao longo de sua vida, Jorge sempre foi um estudante exemplar; se preparava para provas com afinco e tirava as melhores notas. Costumava se definir como uma pessoa amante do controle e da perfeição, normas que aplicava a tudo o que fazia.

A via-crúcis de Jorge começou quando entrou na universidade e teve que se adaptar a métodos de estudo e trabalho muito diferentes dos que conhecia e aplicava durante o ensino médio. Mais exigências, e também mais dúvidas. Sua segurança caiu por terra. Então, um colega de faculdade falou muito bem de um hipnoterapeuta e da rapidez com que podia dar alguma solução para seu problema. Jorge não desejava começar um longo tratamento psicológico, e a tal “via rápida de acesso ao inconsciente” prometida pela hipnose se tornou bastante atraente. Logo na primeira consulta, Jorge iniciou um processo terapêutico que o fez descobrir muitas coisas sobre si mesmo e o conduziu não só ao alívio da ansiedade que sofria, mas à uma profunda mudança de vida, algo que o surpreendeu. O estudante descobriu que cursava Engenharia para satisfazer seus pais e que gostava de Turismo. Mudou de carreira, e agora vai à faculdade com entusiasmo em vez de temor, como acontecia antes. Sua segurança e bem-estar não pararam de crescer desde que encontrou seu próprio caminho na vida.

Os médicos e psicólogos usam cada vez mais deste “estado parecido ao do sono” para tratar casos como o de Jorge, porque a hipnose é um dos tratamentos complementares mais eficazes. Mas no que consiste a hipnose? Segundo a psicóloga clínica Lola Mayo, especialista em hipnoterapia e regressões induzidas, “é um estado de relaxamento e consciência alterada, conseguido com a ajuda de outra pessoa ou autoinduzida, similar à sonolência”.

 

IMAGEM: Exemplo de sono hipnótico
Relaxamento Hipnótico

 

Janela para o inconsciente

A hipnose é um estado no qual as zonas profundas e inconscientes da mente se tornam mais acessíveis e a pessoa fica mais receptiva para si e para os outros. Em uma sessão de hipnoterapia, o terapeuta costuma pedir ao cliente que fique deitado, com o objetivo de facilitar o relaxamento. Para conseguir o transe, é possível utilizar o estímulo verbal, falando de forma suave e tranquila, para criar um ambiente sem tensão.

Outras técnicas para induzir a hipnose consistem em pedir ao cliente que olhe fixamente um objeto, até que suas pálpebras fiquem pesadas e se fechem, ou fazer com que concentre sua atenção em suas próprias mãos e pense que são leves e “flutuam”. Alguns terapeutas, por sua vez, pedem para que o cliente olhe um ponto fixo no teto ou uma pequena fonte de luz, outros utilizam um desenho em espiral que focaliza a visão no centro do quadro. A combinação de estímulos visuais e verbais prossegue até que seja alcançado o grau de transe desejado para aplicar o tratamento. Para finalizar a sessão, o terapeuta faz uma contagem regressiva, pedindo ao cliente para que recupere a consciência ao chegar ao número um.

 

“O transe hipnótico permite que o terapeuta introduza ideias de melhora pessoal e provoque mudanças de conduta positivas. Também pode fazer com que a pessoa recupere suas lembranças ou experimente os sentimentos que acompanharam eventos passados”, explica Lola Mayo.

 

Esta técnica permite descobrir a origem dos conflitos afetivos e a razão de uma conduta nociva, além de poder aliviar o mal-estar, ao libertar ou analisar os traumas ocultos na mente. Segundo a psicóloga, “durante a hipnose, é aberta a porta, normalmente fechada, entre as áreas consciente e inconsciente do cérebro que controlam, respectivamente, o intelecto e as emoções e sensações, para que ambas trabalhem juntas para resolver os problemas e conflitos. Assim, a hipnose ajuda a deixar de fumar ou de comer em excesso, condutas que nossa mente consciente sabe que são prejudiciais, mas nosso mundo inconsciente nos impulsiona a fazer”, afirma.

Combinada com outras técnicas, a hipnose é útil para tratar fobias, depressões e ansiedade, assim como a falta de segurança, a insônia, e a conduta obsessivo-compulsiva. Também ajuda resolver a bulimia, a anorexia, problemas sexuais, além de aliviar os efeitos da quimioterapia. “A hipnoterapia também é eficaz para ajudar a superar comportamentos ou hábitos que prejudicam a saúde, como fumar, comer ou álcool em excesso, ou condutas não desejadas, como gaguejar, roer as unhas e possuir tiques nervosos”, diz Lola Mayo.

 

Por Daniel Galilea
Originalmente publicado pelo portal Yahoo! Notícias.

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Atualizado em 2016/04/13